BRASÍLIA – DF
Quando ainda era adolescente, meu pai criava búfalos e gado no Pantanal do Mato Grosso do Sul e, quando chegavam as chuvas, o gado deveria ser removido das áreas alagáveis e transportado para as regiões mais altas (no caso, a Serra da Bodoquena), através das chamadas “Comitivas”. Essas comitivas eram equipes de peões contratados para transportar os animais, acompanhando-os, a cavalo, durante dias ou até meses. Como é de se intuir, havia, nessas equipes, um profissional fundamental: o cozinheiro de comitiva. Todo ano, nas férias escolares, a pedido (ou ordem) do meu pai, eu, de “bicão”, compunha essa equipe e, durante 7 a 10 dias, viajava com o gado como “culatreiro”, que é o peão que vai atrás, “empurrando” o gado. Houve um ano, porém, que a enchente surpreendeu os produtores pantaneiros e, com o excesso de demanda e falta de tempo, foi preciso improvisar, com urgência, uma comitiva com peões da própria fazenda e eu, já quase maior de idade e metido a misturar ingredientes sem qualquer experiência, fui convocado para a posição de cozinheiro. Esse foi o meu primeiro contato, não tão bem sucedido, mas memorável, com a magia da cozinha.
Depois disso, me formei em Engenharia Civil em Campo Grande, fiz pós-graduação em obras rodoviárias em São Paulo e MBA em Economia e Gestão com foco em Relações Governamentais na FGV em Brasília. Trabalhei muitos anos com obras de infraestrutura, o que me levou aos mais diversos cantos do Brasil e do mundo, conhecendo novas culturas, e, entre elas, a gastronomia desses lugares, com seus mais diferentes ingredientes e pratos, que sempre alimentaram a minha paixão!
Em Brasília, a amizade com grandes Chefs e profissionais do mundo eno-gastronômico, referências naquela cidade, a minha paixão pelo mundo do vinho (especialmente os do chamado “Velho Mundo”) e a curiosidade típica dos apaixonados, me trouxeram mais aprendizado e me incentivaram a ter as panelas como amigas mais próximas e frequentes. E através delas, fiz ainda mais amigos!